O
escritor, historiador e jornalista Juremir Machado palestrou na noite
desta segunda-feira para alunos da escola estadual Bom Retiro, da Faculdade
Cenecista e do Neja Metamorfose. O evento ocorreu na Fundação Casa das Artes
como parte da programação da 28ª Feira do Livro.
Juremir
Machado iniciou sua palestra falando dos fatos inusitados que marcaram a
produção de seu último livro: Jango – a Vida e morte do exílio, que é uma
narrativa, apoiada em investigação jornalística, sobre a polêmica com relação à
vida e às circunstâncias em que morreu o ex-presidente João Goulart.
Usando
como exemplo o trabalho envolvido na busca das informações para esta obra,
Juremir disse que jornalismo e história se confundem. Ele entrevistou dezenas
de pessoas que conviveram com Jango, leu mais de dez mil páginas de documentos,
processos, investigações, relatórios de CPIs, sentenças das justiças
brasileiras, argentina e uruguaia envolvendo o caso Goulart, informes dos serviços
de espionagem dos países onde Jango viveu, dossiês secretos e papéis do STF.
Teve acesso a cartas inéditas de Jango, foi às prisões de segurança máxima do
Rio Grande do Sul conversar com supostos protagonistas dos fatos e retratou
tudo isso em seu mais recente livro.
O
cronista ainda deixou dicas. Segundo ele, ao olhar de um cronista tudo é
diferente. “O olhar do cronista é treinado para enxergar aquilo que um passante comum não vê; assim, ele apreende o cotidiano de forma única e singular”, afirmou.
Aos
alunos do curso de publicidade da Faculdade Cenecista, Juremir falou sobre o
seu livro “Sociedade midiocre”, onde descreve a “Civilização do
Hiperespetáculo”. A vitória da imagem, da embalagem diante do conteúdo. Juremir
Machado defendeu que apesar do formato, da tecnologia, da imagem, o conteúdo
vale mais. “O jornalismo existia para tirar a embalagem, para revelar,
descobrir, desocultar , dar a ver, tirar o véu, ou seja, tirar a embalagem.
Hoje temos a supremacia da embalagem sobre a substância, do invólucro sobre o
embalado. O hiperespetáculo nada mais é do que um efeito de embalagem: forma
sem conteúdo, embalagem sem embalado”, destacou.
A
28ª Feira do Livro acontece até o dia 22 de setembro no horário entre as 9h e
20h (segunda a sábado) e nos domingos e feriado entre 13h e 19h. O evento é
promovido pela Prefeitura Municipal através da Secretaria de Cultura com apoio
da Fundação Casa das Artes e do SESC.
Foto: José Stefanon
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